sábado, dezembro 31, 2005

Um balanço? Porque não!

Recuso-me a fazer balanços. Não saberia o que deixar nas colunas de deve e haver. É difícil saber se foi bom ou mau o ano em que tudo acabou, em que tudo começou, e voltou a acabar. Não faço balanços só porque chegámos ao fim de Dezembro. Porque é disso que se trata. Um mês como outro qualquer. Também não escrevo cartas de intenções. Os meus balanços e os respectivos objectivos são sempre traçados por alturas de Junho. Aí sim, é altura de repensar a vida. Pôr o cronómetro a zeros, puxar de uma folha em branco e continuar em frente. Mas se seguir o figurino e fizer como toda a gente, só posso dizer que os doze meses que passaram não foram um ano. Foram apenas uma interrupção, um momento descontinuado dos dias, que o tempo não contou.

Mas como é um clássico... deixo à BB, à RT, Dia, à Rosebund, ao Bandeira, ao FTA (os nossos leitores mais fiéis) os votos de um excelente 2006. Para os outros segue um telefonema dentro de momentos, porque há coisas que tem que ser ditas ao ouvido...

Um balanço. E porque não??

2005 não foi o pior ano da minha vida. Não foi o melhor.

Mas foi melhor que o ano passado... e espero que pior que o que aí vem.

Acho uma piroseira andarmos a fazer contas à vida de 365 em 365 dias. Os políticos só têm de fazer promessas de 4 em 4 anos - ultimamente menos - e nós temos de fazê-las a cada ano que passa? Porquê? E, sobretudo, para quê?

Creio que o fim do ano é como uma igreja. Só a possibilidade de lá estarmos, nos permite parar para pensar.

Por esta razão faz sentido fazermos o tal balanço, quase sempre acompanhado de uma lista de intenções que aguenta até meados de Janeiro. Depois rasga-se, perde-se, molha-se, desaparece com o tempo... e volta tudo ao mesmo.

Mas é como no Natal. Durante uns tempos anda-se meio anestesiado, e nem se nota que os aumentos da função pública não vão além dos 1,5%; ao mesmo tempo que bens de primeira necessidade aumentam 5 por cento, ou mais... E esta anestesia, não permitindo a entrada da dor, deixa-nos suspensos cerca de um mês. Se a esse mês juntarmos mais um, de férias, e outro, que é o da excitação que antecede as férias. Se somarmos ainda o mês de depois de chegarmos de férias (com as fotografias e essas tretas que nos agarram ao passado... Sobram apenas 8 meses. Que passam a correr.

Eis o segredo para deixarmos andar. Em vez de fazermos alguma coisa para que corra... bem.

Há outro fenónemo que nos impede de mudar. Os prazos. Determinamos prazos para tudo. Por exemplo, o célebre, "a partir de Janeiro deixo de fumar"... Aguenta-se ali uma, duas semanas - eu não, que não fumo, e aguento a vida toda, até ver - mas depois lá vem uma festa: "Ah, é só hoje". Depois, uma depressão: "Ah, é só um". E como a seguir ao primeiro vêm os outros lá se estabelece um novo prazo. Quem diz no tabaco, diz em tudo. A regra serve para emagrecer, para procurar emprego, para ser mais cumpridor, para ser mais organizado, para esquecer o tipo que nos fez a cabeça em água...

Os balanços deviam ser escritos e não pensados. Deviam ser escarrapachados à nossa frente, lado a lado com a tal carta de intenções. Para que pudessemos, todos os dias, olhar para eles e reduzir, em cada mês, pelo menos um dos iténs da lista. Pelo menos um.

Vou ali fazer a minha, em vez de estar a 'postar' banalidades neste blog.

Que seja para todos, o bom 2006.

À distância de um clique...

Finalmente!

Computador e net em casa!

A fechar 2005.

sexta-feira, dezembro 30, 2005

Serviço público

É que já nem é preciso sair de casa... Está aqui tudo. Com o devido agradecimento ao T&Q.

Smoke*

Auggie: If you can't share your secrets with your friends then what kind of friend are you?
Paul: Exactly... life just wouldn't be worth living.
Smoke, Wayne Wang/Paul Auster (1995)

Entre as gotas para o nariz, os comprimidos para a febre e os lenços de papel, lá consegui ver o Smoke, comprado há uns meses em Nova Iorque, que me fez correr Manhattan de uma ponta a outra – a Broadway com a Prince, 5th com a 32th, a Park com a 54th – , para depois voltar à casa de partida, precisamente a Times Square. Smoke visto, há dez anos, no King com um dos homens da minha vida, é um dos filmes da minha vida (passe a repetição), porque é sobre os pequenos prazeres da vida: a amizade, boas conversas e claro, o prazer de fumar um cigarro. Porque é um filme sobre Nova Iorque e o amor à cidade onde ainda não desisti de viver, sobre histórias, vividas e contadas, como aquela do escritor que à falta de mortalhas para enrolar o tabaco usou as folhas da única cópia do seu manuscrito. Porque tem o Harvey Keitel e foi escrito pelo Paul Auster. Tudo o que possa escrever será secundário. Smoke é um filme para ser sentido. Se não o sentirem é porque não o perceberam. No filme, Auggie (Harvey Keitel) faz uma fotografia por dia a partir da esquina da sua loja. Todos os dias, sempre à mesma hora durante 14 anos. São mais de 4000 fotografias catalogadas em álbuns negros. Work in progress', tal como a vida.

Auggie: Just come to me. Ity’s my corner after all. I mean, it’s just one little part of the world, but things take place there, too, just like everywhere else. It’s a record of my little spot.
Paul: It’s kind of overwhelming.
Auggie: You’ll never get it if you don’t slow down, my friend.
Paul: What do you mean?
Auggie: I mean, you’re going too fast. You’re hardly even lookin’ at the pictures.
Paul: But... they’re all the same.
Agguie: They’re all the same, but each one is different from every other one. You got your bright mornings and your dark mornings. You got you summer light and you your autumn light. You got your weekdays and your weekends. You got your people in overcoats and galoshes… and you got your people in t-shirts and shorts. Sometimes the same people, same time different ones. Sometimes the different ones become the some and the same ones disappear. The Earth revolves around the sun, and every day, the light from the sun hits the Earth at a different angle.
Paul: Slow down, huh?
Auggie: That’s what I’d recommend. You know how it is. “Tomorrow and tomorrow and tomorrow… time creeps on its petty pace.”


* Ou um presente de aniversário em forma de post.

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Woman

“There are only three things to be done with a woman’ said Clea once. ‘You can love her, suffer for her, or turn her into literature.’
The Alexandria Quartet, Lawrence Durrell

Aprendam, sff!

Entre um blog e outro

“Há palavras que nos dão perfeitos beijos na boca. E não é preciso mais nada.”

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Para a Carrie, que só vê o Panda....

Querida amiga,

Imagino que o Panda te canse, mais dia menos dia. Eu prefiro o Cartoon, porque tem 'ofertas do antigamente', e não troco o Mickey por nada. Ainda assim, e tendo em conta os shares e assim, percebo porque ganha o Panda a todos os outros, no Cabo. Honrosa excepção, claro, feita à SIC Notícias, no topo da actualidade, no topo das audiências.

E porque a vejo - todos os dias, por dentro, por fora, prevendo-o, estudando-a, criticando-a e tecendo, por ela, rasgados elogios - ponho-te a par das notícias do dia. Das que perdeste. Comento uma ou outra, só para que as vivas pelos meus olhos... as amigas são para as ocasiões.

Às 8H da manhã destaque, por exemplo, para o orçamento das campanhas dos principais candidatos à Presidência da República. Ronda os 10 milhões de euros... quantia oferecida pelos partidos e por particulares. Sabias, Carrie, que cada candidato pode gastar até ao limite de 10 mil salários mínimos? Em 15 dias! Quem sabe vais receber, na tua caixa de correio, uns quantos cêntimos feitos campanha... Espero que já tenhas o autocolante do 'Publicidade não endereçada, aqui não, obrigado'...

Já à hora de almoço uma boa notícia. A vacina da Meningite C vai passar a ser gratuita. è recomendada para crianças e adolescentes... até aos 18 anos. Serve-nos de pouco, portanto. Mas servirá para os nossos filhos - que teremos lá para 2016 (se ainda formos férteis... e vivas!)

A meio da tarde - se pudesses mudar o Panda - ficarias a saber que só as candidaturas de Garcia Pereira, Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa, Manuel Alegre, Mário Soares e Cavaco Silva estão em ordem. Isto é, foram aceites pelo Tribnunal Constitucional. Há 7 candidaturas com irregularidades, portanto. Pela minha parte, lamento. Estava a pensar 'deitar o voto' no António Lança de Carvalho, um controlador de tráfego aéreo (há qualquer coisa no ar, nestas eleições, não notas?)... ou no Nélson Magalhães, que trabalha num restaurante. Na Suiça. Mas 'isso agora não interessa nada' porque, já se sabe, os Presidentes da República dão-se bem é 'lá fora', em viagem...

Não posso deixar de fechar este bloco que te dedico - e como também acontece nas notícias a sério - com cultura. A Câmara de Lisboa decidiu aprovar a demolição da Casa Garrett. Parece-me uma óptima ideia, especialmente se pensarmos que a casa vai abaixo para que lá seja erguido um prédio de cinco pisos com apartamento luxuosos, com garagem para estacionamento. Tudo pertença do senhor Manuel Pinho, Ministro. Mas vou economizar as palavras, porque isto é apenas um post, e se fosse um dossier, seria de 'Folhas Caídas', na mesa de um qualquer Ministério.

Genérico Final e as melhoras.

Afinal sempre posto

Não há tristeza, mas há muito mau feitio por estar fechada. Neura por não ter ido trabalhar, porque o ar condicionado do pasquim regulado nos 30 graus me faz mal à saúde. O sistema respiratório dá-se mal com o ar asfixiado pelo fumo dos cigarros, com as correntes de ar provocadas pelos colegas que não conseguem vencer as suas lutas antitabágicas e que se vingam abrindo as janelas. Dá-se mal com o despe-veste-despe-veste do casaco. Juntei os meus vírus aos do Guigas e passamos a manhã a ver o Panda, o que me livrou das desgraças televisivas nacionais. Passamos a manhã a fazer concursos com o termómetro e lenços de papel. Felizmente estou eu a ganhar. Melhor seria que ficasse o termómetro a perder, que baixasse dos 39º, o Guigas ao menos já vai nos 37º. Ele está tristinho e não dá aquelas gargalhadas contagiantes. A mim dói-me a cabeça e não consigo pegar no Bellow, nem no Le Carré, no Lobo Antunes ou no Durrell, este sugerido por aquele que elegi como meu conselheiro literário para os tempos mais próximos. Ele ainda não sabe, mas enquanto durar o 'The Alexandria Quartet', também não precisa de saber. Agora o Guigas está a dormir e eu, com uma pedrada valente de anti-histamínicos, não consigo fechar os olhos, porque tenho a cabeça às voltas com tudo o que podia estar a fazer, o que me apetecia fazer, se pudesse por o pé na rua.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Fechada para balanço

Não estou para ninguém. Fechei para balanço até que a %#&!$ da rinite me deixe em paz. Fechei para balanço, porque não tenho nada para escrever, e o que podia escrever não me apetece, não merece ser escrito, por isso escusam de voltar tão cedo. Ou então voltem, sinceramente não quero saber.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Coisas que me fazem sorrir 18

Num segundo desapareceram da minha caixa do correio mais de 600 emails. Vários meses de vida e uma história de amor que não teve um final feliz. Debaixo da vassoura foi também o histórico de mensagens do msn. Tenho um nó na garganta (ao qual não dou nem cinco minutos para se desatar), mas um sorriso nos lábios.

Conto (com o) Natal

Conto com o Natal para me resolver algumas crises:

Para começar, a financeira.
Conto que algumas ofertas - nomeadamente a dos progenitores - aconcheguem uma conta já nos saldos... negativos. Conto os trocos para ver se aguento até ao Ano Novo. Que não trará uma vida nova, já sei, mas aproximará a minha de uma velhice que começo a temer.

Conto com o Natal para resolver a crise das amizades. Não mandei, não mando, e não mandarei sms's para ninguém. Não escrevi, não escrevo, e não escreverei uma mensagem igual para todos. Telefonei a alguns, respondi às mensagens de outros. Personalizei. Porque o Natal não deve servir - na minha óptica - para a generalização. Antes para apurar quuem, de entre todos é, de facto, especial. Falei com alguns dos que há muito não vejo, dos que há muito queria ver. Falei com outros, os de todos os dias, porque não é possível não estar com eles. Conto com todos, todos os dias, como se do Natal se tratasse.

Conto com o Natal para me fazer acreditar que não tem importância nenhuma que seja Natal. Que não estou mais sensível, que não sinto a falta de nada, que não guardo memórias que, por esta altura, insistem em vir ao de cima... Conto não olhar para trás. Conto os dias para não voltar a fazê-lo. Nunca mais.

E conto com o Natal para melhor perceber o que é o Natal. Eu que sempre o vivi de uma forma sentida, partilhada. Eu que sempre vivi o Natal como ele vem nos livros. A sonhar.
Apesar de tudo, sonhei mais, desta vez. Acordei cansada. Mas menos do que noutros natais.

Conto com o próximo. Que sejam de Natal, todos os contos.

Céu sobre Lisboa

Redescobri uma esplanada para as minhas leituras da hora de almoço. O único problema serão as vertigens na descida, que me deixam as pernas a tremer, o passo trémulo e o estômago às voltas. Do mal o menos. No cimo de Sta Justa, se me puser em bicos de pés e esticar o braço, toco no céu de Lisboa.

Sorrisos

domingo, dezembro 25, 2005

Christmas sucks

[revisto]

O que não me impede de desejar a todos os leitores anónimos deste blogue um bom Natal. Para os menos anónimos boas festas… pelo corpo todo (sei que não é original, mas achei lindo!). Para as três mulheres da minha vida… you know…

[Desculpem a demora, mas a netcabo boicotou, mais uma vez, esta minha existência paralela.]

sábado, dezembro 24, 2005

Palavras ou blá, blá, blá...

Consta que o Javier Marias anda para aí a dizer que nos condenamos sempre por aquilo que dizemos e não pelo que fazemos. O rapaz é capaz de ter razão. Mas a mim, desde ontem à noite, que isto não me sai da cabeça.

Porque é Natal

Entro no carro a pensar em ti, que não me devia ter vindo embora, que o A. tem razão, que me retiro delicadamente quando ele precisa de reforços... o problema é que o A. tem razão em muitas das coisas que disse hoje. Assustou-me ver-me de repente, assim, na boca dele, mesmo que ele não soubesse que tudo o que dizia se aproximava mais de mim do que de ti. Saio sem saber como reagir à falta do teu sorriso, sem argumentos, sem palavras, gastei-as, às palavras, sem saber ainda se foram bem ou mal empregues. Entro no carro e ponho Jack Johnson no máximo para que a música me faça sorrir, se sobreponha aos pensamentos, estes e outros, os que tu adivinhaste. Nem o Jack me salva e os pensamentos impõem-se, atropelam-se, quando paro de cantar – Love is the answer, at least for most of the questions in my heart / Like why are we here? and where do we go? / And how come it's so hard? – para acender um cigarro. Fumar faz mal. Faz mesmo. Penso que não devia ter saído. Que as promessas não me convenceram, que não mereces isto, não mereces porque é Natal, porque ficas linda com um sorriso nos lábios. O mesmo que me assalta quando o conta-quilómetros passa os 140, faço curvas a rasgar e penso que podia continuar assim a noite inteira. Às vezes precisamos de tão pouco para ser felizes.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Carta ao Pai Natal

Sr. Pai Natal,
Já não vou a tempo de meter a carta no correio, que além de andarem sempre atrasados não têm renas para mandar os carteiros à Lapónia. Este ano portei-me bem. Não tanto quanto devia, é certo, sabes que nem sempre foi culpa minha, mas isso são águas passadas, chão que já deu uva, sem que tenha havido direito a vinho, e a partir de agora é a sério. Sou uma menina (mesmo) linda e (muito) bem comportada, pelo menos o suficiente para responderes ao meu pedido. O que queria mesmo, mesmo, mesmo, mais que tudo no mundo, era um comando para a garagem. Vês! É fácil. Claro que se tiveres tempo podes passar naquela sapataria da esquina e trazer os camper lindos de morrer que vimos outro dia à hora do almoço, o casaco azul que experimentei naquela loja no centro comercial, mas também pode ser o verde alface que me fica lindamente, sabes como sou, qualquer trapinho me cai bem, e se há coisa que não sou é esquisita, um corretor da shiseido número 2, que isto de fazer noitadas está-me a estragar a figura, aquele DVD de que não paro de falar, mas acho que esse já sabias. E se não for abuso... também podes deixar um bilhete de ida, o mais provável é não voltar mesmo, para Chicago e uns trocos para fazer a route 66 até Los Angeles, mas se for um bilhetinho para a Argentina, com passagem pelo Peru e pelo Chile, também pode ser, eu prometo não ficar chateada. E já agora, será que podes passar mais cedo para levares a “$#%%$%# da constipação que se decidiu a ficar, logo agora que não preciso de desculpas para ficar em casa aconchegadita com a minha mantinha nova, com uma overdoses de chá verde e o “The Alexandria Quartet”, que precisa de mais tempo e atenção do que o Orçamento de Estado.
Obrigada,
Carrie

Jack

O Pai Natal já chegou cá casa. Trouxe-me um DVD com dois concertos do Jack Johnson que já enchem a casa com uma música doce e forte, amarga e frágil. Eu, que nem gosto de videoclips e acho que a música é para tocar bem alto na aparelhagem, estou aqui em puro estado Zen. O surfista não tem piadinha nenhuma, mas tem uma voz (um dos instrumentos mais eróticos que conheço), que me faz perder o sentido do tempo, me ajuda a relativizar o (meu) mundo. Obrigada, Pai Natal.

(...)
Never knowing

Shocking but we're nothing
We're just moments
We're Clever but we're clueless
We're just human
Amusing but confusing
Were trying but where is this all leading
Never Know

It all happened so much faster
Than you could say disaster
Wanna take a time lapse
And look at it backwards
From the last one
And maybe thats just the answer
That we're after
But after all
We're just a bubble in a boiling pot
Just one breath in a chain of thought
The moments just combusting
Feel certain but we'll never never know
Just seems the same
Give it a diff. name
We're beggin and we're needing
And we're trying and we're breathing
(…)


Never Know, Jack Johnson (In between dreams)

O senhor canta agora (pela terceira vez) Sitting Waiting Wishing... Love it, S.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Sonhar acordada

Acho que foi um sonho, mas ainda agora não tenho a certeza. A luz a pestanejar no branco dos lençóis, depois substituído pelo vermelho do tapete, não fumo no quarto, nunca fumo no quarto. Os cigarros procurados às apalpadelas, dentro da mala, perdida entre as compras de natal desorganizadas, por embrulhar, porque sabe bem estar no escuro. Acender as velas para me sentir aconchegada na penumbra, para que naquele sonho houvesse algo que fizesse parte de mim. Houve palavras, muitas. Uma hora de adjectivos, substantivos, verbos, advérbios de modo, no silêncio da noite. Foi um sonho, não foi? Só pode. Aquela não era eu.

Boicote

Há muita coisa que me tira do sério, que me deixa rezingona, a refilar durante tempos infinitos, a espernear e a chamar nomes a muito boa gente. Mas há duas com as quais lido realmente muito mal. Uma são más traduções. É certo que toda a gente comete erros, as gralhas acontecem, por muito que se leia um texto há sempre uma ou outra palavra que escapa... blá, blá, blá. Não sou perfeita e também dou erros, por isso alguns até deixo passar. Mas alguém é capaz de me explicar como é que se instala “um amante de pássaros”? Foi isso que Sorella mandou fazer em Nova Jérsia. Está, tal e qual, na página 64 do “Uma recordação minha”, do Saul Bellow, editado pela Teorema. E já não é a primeira que me acontece. O S. (a quem hoje chamei ‘amor’, atirando com a cabeça contra a parede no mesmo instante em que rezava para que a ligação estivesse suficientemente mal para não se ter percebido...) deve lembrar-se bem da altura em que li o “Psicopata Americano” (da Teorema) e de todas as vezes que me disse, ‘se está assim tão mal não leias’. Se há coisa que me tira do sério são más traduções. Durante três anos boicotei a Teorema, que publicou livros que quis ler, mas que deixei deliberadamente nas prateleiras da Fnac. Boicote a sério!

Outra é que me respondam ‘porque sim’...

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Samantha's law*

Carrie: So are you saying there's no way you'd go out with a guy who lived with his family?
Samantha: Well... maybe Prince William.

* Que também pode ser a lei da Carrie...

Uma árvore por Dia


Não é de longe, nem de perto a minha melhor foto de uma árvore, mas esta traz com ela o calor dos trópicos e a recordação de dias felizes.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Lista de compras

Preciso de umas luvas para oferecer a um amigo no Natal, mesmo que um par seja um desperdício. O que ele precisa mesmo é de uma luva para a mão esquerda, porque há dois dias que anda diligentemente com a dita no bolso, situação que pode ter as mais variadas, e ordinárias (em ambos os sentidos), interpretações, ainda que ele e eu saibamos que só tem uma. [E não, miúda gira, não é mania da perseguição.] Não me vou censurar por saber que ele lê este blogue, ainda que menos frequentemente, já basta a auto-censura nas conversas de café e no msn. E aproveito para dizer que agradeço a atenção, mas que fico bem obrigada. Sou feita de uma estirpe que aguenta tudo, enrijecida aos longos dos tempos no frio da Serra, com uma ajudinha dos tropeções da vida, que chora, esperneia, bate com a cabeça, fica com o coração partido em mil pedacinhos, mas que se levanta sempre, apanha os cacos e segue em frente.

É Natal

O Natal chegou ontem a minha casa. Ficou linda a árvore de Natal, as bolinhas azuis e a fita prateada comprada a correr no Corte Inglês. Mas a minha árvore mono-temática é um pinheiro artificial e eu tenho saudades dos tempos em que comprávamos um abeto natural, enfiado num vaso que depois transplantávamos para o jardim. Alguns ainda sobrevivem, um é a árvore mais bonita que os meus pais têm na Serra. Ontem, enquanto me sentia impotente para encaixar as peças do puzzle que fazem a base do pinheiro artificial, evocando as mais terríveis pragas sobre o gajo (só pode ter sido um homem, qualquer mulher teria feito algo bem mais simples) que inventou tal suporte, ainda vesti o casado decidida a sair para cumprir a tradição familiar. Desisti antes de pegar na chave do carro, onde dificilmente conseguiria encaixar um pinheiro. No meio destas andanças dou-me conta que este ano não haverá Esparguete para deitar abaixo as bolas da árvore, que já não preciso de fechar a sala, que ninguém era comer as folhas plásticas do pinheiro artificial para depois as vomitar em cima do tapete. Tenho saudades do Esparguete e apetece-me interpor uma ordem judicial para que se cumpra a guarda conjunta durante a época natalícia.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Em contagem decrescente*


* Post dedicado a uma miúda muita gira que gosta de Tim Burton quase tanto quanto eu.

Na estante

O ‘Bilhete de Identidade’ já está arrumado na estante. Duvido que alguma vez lhe volte a pegar, mesmo que me tenha prendido da primeira a última página, lido muitas vezes noite dentro, roubando horas ao sono. Ia a história já a meio quando um amigo me perguntou se estava a gostar. A resposta, como ele próprio o disse, não podia ter sido mais sincera: ‘Não sei’. A verdade é que continuo sem saber. Confirmei o meu ponto de partida: Maria Filomena Mónica (MFM) não tem estatuto para escrever uma autobiografia. É uma menina/mulher fútil que se perde em questões triviais, num registo que em muito se assemelha aos diários que eu própria escrevia quando tinha 16 anos. Escudando-se na superioridade intelectual de Vasco Pulido Valente, MFM passou ao lado do que realmente importa no período em questão: o Salazarismo e a Revolução de Abril parecem memórias confeccionadas com a ajuda dos livros de história, acessórios dos seus amores e desamores. Também confirmei a impressão inicial quanto à escrita. É pouco elaborada, com excepção dos três primeiros capítulos, em que MFM escreve sobre os pais e a avô. Porque é que o levei até ao fim? Porque sou teimosa, e como alguém escrevia, por puro “voyeurismo, do tipo que condenamos sabendo-nos incapazes de lhe resistir”.

[Adenda: Numa tarde de produtividade zero até tive tempo para ler uma crítica ao livro. Eu, que não passo de uma simples leitora, que aquilo que vou escrevendo está longe de ser crítico, concordei com tudo. Dito isto, não gostei da auto-biografia da MFM. Obrigada, JPG. Agora vão e leiam antes de gastarem o vosso dinheiro.]

domingo, dezembro 18, 2005

O princípio ou o fim?


O princípio do fim...

Não quero!

Tenho um brinquedo novo. Lindo! Foram semanas de espera que valeram a pena. À minha volta, o caos. O brinquedo antigo, velho mesmo, jaz a um canto deste tapete vermelho, junto às velas que ontem não acendi – porque voltei ao incenso, comprado a granel no centro comercial da Mouraria –, qual cadáver à espera de ser autopsiado, para a colheita de órgãos que se acumularam nos arquivos ao longo dos últimos cinco anos. Alinhados num montinho estão os livros de instruções que nunca lerei, os CD’s de instalação da internet e dos outros programas todos que farão deste brinquedo um prolongamento do anterior. O cinzeiro está cheio da noitada de ontem, uma embalagem de bolachas de manteiga está vazia há muito, e na caneca um resto de chá já frio. Apesar da desordem, que me mexe com os nervos, não me apetece sair. Hoje deixava de bom grado a ida ao Op Art, que afinal de contas vou ter que saltar. Não pegava num livro. Não ia ver os meus meninos. Não ligava a televisão.Adiava mais uma vez a hora de ir buscar a árvore de Natal à arrecadação ... Deixava-me ficar de pijama, sentada neste tapete vermelho, com a música que se deve ouvir no terceiro andar, o meu chá e o meu brinquedo novo. Mas não hoje. Vou tomar banho, vestir-me com o meu melhor sorriso e pôr-me a caminho do trabalho. Não! Vou ligar, dizer que morreu o canário, que tenho um calo no pé direito que não me deixa calçar os sapatos, que rebentou a canalização, que se furou um pneu... qualquer coisa. Só não quero sair daqui.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Concorrência desleal

Depois desta desconfio que os senhores do "Inimigo Público" estejam a caminho do desemprego...

Despacho n.º 25 798/2005 (2.ª série). - A Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense pretende deslocar-se a Praga, República Checa, entre os dias 24 e 27 de Novembro de 2005, para participar no 15.º Festival Internacional de Música do Advento e do Natal, tendo vindo solicitar que os funcionários públicos que a integram possam ser considerados em efectividade de serviço durante o período da deslocação.
Atendendo ao inegável interesse cultural associado a este evento, entende o Governo adoptar as providências adequadas a permitir que os elementos do mencionado grupo que sejam funcionários ou agentes do Estado beneficiem de regime idêntico ao concedido aos membros de outros grupos culturais. Assim, nos termos do disposto no n.º 4 do artigo 5.º da Lei Orgânica do XVII Governo Constitucional, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 79/2005, de 15 de Abril, e ao abrigo da competência que me foi subdelegada pela alínea b) do n.º 4 do despacho n.º 14 405/2005 (2.ª série), do Ministro da Presidência, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 124, de 30 de Junho de 2005, determino que os responsáveis dos serviços públicos de que dependem os referidos membros da Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense considerem os mesmos em exercício efectivo de funções durante o período da deslocação. 24 de Novembro de 2005.
O Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão Costa.


Via Insubmisso

Post 'fora de prazo'

“Poucos dias depois de ter vindo para Lisboa, escrevia-me, contando que estivera a reler as minhas cartas: «Sempre lhe digo que até dá vontade de morrer. Como é que nós pudemos estragar tudo o que era bom, bonito e importante?» Eu respondi-lhe que a culpa era dos deuses."
Bilhete de Identidade, Maria Filomena Mónica

Um dia, muito antes do fim, na verdade ainda mesmo antes do princípio, e respondendo eu algo semelhante, numa troca de piropos por SMS que demorou mais de uma hora, escreveu: “Já reclamei, mas Deus não tem livro de reclamações.” A 300 quilómetros de distância, no silêncio de uma noite de lua cheia na Serra, ouviu-se a minha gargalhada...

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Plágios

Talvez por defeito profissional sou altamente ciosa do que se costuma chamar direitos de autor. Além de ser o reconhecimento do trabalho de cada um de nós, a assinatura de uma fotografia (as que aparecem neste blog, não estando assinadas foram feitas por cada uma de nós, ou como diz a Charlotte são do nosso espólio pessoal), obra de arte, livro, trabalho de faculdade, whatever, responsabiliza-nos perante o (nosso) público.

Se há coisa que não tolero são plágios. É certo que, se a coisa vai acontecendo de forma mais ou menos encapotada em trabalhos de faculdade, já no que toca aos trabalhos que chegam ao conhecimento do grande público a história é outra. Lembram-se do artigo da Clara Pinto Correio sobre Vaclav Havel?

Pela parte que me toca, recuso-me a assinar um trabalho em que a minha colaboração não vá além de um simples telefonema, da mesma forma que aceito cair no ridículo de no topo da prosa virem três linhas exclusivamente dedicadas aos autores. Como diz a sabedoria profissional, ‘o seu a seu dono’.

Hoje pediram-me um trabalho que descobri já ter sido (bem) feito por outro colega. Ctrl C/Ctrl V/Ctrl S e está o assunto despachado. Mas como no caso até exigiu algum trabalho de edição, acabei por pedir ao autor que revisse o texto, já que no final iriam aparecer as suas iniciais e não as minhas. Fiquei mal vista perante os meus chefes por não ter feito um trabalho? E então? Siga para bingo que há mais páginas para encher.

Ontem aconteceu uma situação idêntica. Com a diferença de que a autora do texto inicial era eu. Quando disse à pessoa que estava incumbida de fazer novo trabalho sobre o mesmo tema “usa e abusa”, nunca esperei que seguisse as minhas palavras à letra. Hoje o texto sai publicado palavra por palavra, vírgula por vírgula, acento por acento, como o tinha escrito há umas semanas atrás. Pronto, pronto, tinha uma frase de abertura diferente... só que no final não estava assinado Carrie.

“Fico chateada! Pois claro que fico chateada!”

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Novela (ou a vida real de alguns de nós)

(Interpretam esta novela Soraia Isabel - a namorada - Ruben Filipe - o namorado - e Paula Cristina - a amiga. Participação especial de duas amigas cujos nomes não entram nesta ficha técnica.)

Soraia (ao telefone) - (...) achas que podemos ir ver aquele filme... o 'Amo-te demais para ser verdade'? É com aquele actor muita giro, o que tem nome de pão...

Paula Cristina - Por mim tudo bem. Eu compro os bilhetes.

Soraia - Compra três.

Paula Cristina - Três????

Soraia - Dois para nós e um para ti.

Paula Cristina - Nós?

Soraia - Para mim e para o Ruben, claro.

Paula Cristina - Ah.... ok. Eu compro.

Mais tarde, no cinema...

Soraia - Môoor... Compra-me pipocas....

Ruben - (beijando-a na boca)Compro. Mas 'xó xe me deres um beijinho'... (apalpa-a no rabo, com a mão sob o casaco de malha grossa que ela veste)

Soraia - Ó pá...

Ruben arrasta-a para comprar pipocas. Enquanto a empregada, do lado de lá do balcão, espera pela nota de 5 euros, para pagar um mísero pacote que servirá para incomodar todos os espectadores da sala, Ruben agarra Soraia pela anca e pendura o dedo na presilha das calças desbotadas.

Paula Cristina - Compraste para mim?

Ruben - Não. Também querias?

Paula Cristina - Deixa lá... Vou ali comprar uma pastilha.

Paula masca violentamente uma pastilha com sabor a menta. Tem os três bilhetes no bolso. Ruben e Soraia trocam risinhos e beijos lambidos, no mesmo banco de Paula. Soraia desvia Ruben - mantendo a mão na perna dele - para falar com Paula:

Soraia - Tens aí os bilhetes?

Paula Cristina - Tenho. Queres os vossos?

Soraia - Já me dás. (vira-se para Ruben) Môor... vamos só ali espreitar a montra da 'Tara'? (e de novo para Paula) a gente vem já, Paulinha...

Paula Cristina - 'Tá.

Levantam-se aos beijos e vão em direcção à montra da 'Tara', uma loja de roupa da moda.
Paula olha para o relógio. Está quase na hora do início do filme. A pastilha já perdeu o sabor a menta. Levanta-se e sacode as pipocas que os amigos deixaram cair no banco onde estavam os três sentados. Procura-os com o olhar. Na montra da 'Tara' está muita gente, mas o casalinho não. Entraram.

Paula Cristina dirige-se à bilheteira. Duas raparigas, na fila, falam sobre Bread Pito, o actor giraço do filme que Paula também vai ver.

Paula Cristina - Olá. Já têm bilhetes?

Rapariga 1 - Não.

Paula Cristina - Vão ver o quê?

Rapariga 2 - Não sabemos. Íamos ver aquele filme com o Bread Pito mas está esgotado.

Paula Cristina - Dou-vos dois bilhetes, querem? Vamos as três.

Raparigas 1 e 2 - A sério???! Claro que queremos.

Saem da fila e vão para o balcão das pipocas.

Rapariga 1 - Querem pipocas? Ofereço eu...

Rapariga 2 - Só se ela quiser. Odeio pipocas no cinema.

Paula Cristina - Por mim, dispenso...

Rapariga 2 - Então vamos. Mas não queres mesmo o dinheiro dos bilhetes... como é que te chamas?

Paula Cristina - Paula. Não quero não. Eram para dois amigos meus.


Rapariga 1
- E eles?

Paula Cristina - Não vieram.


Entram as três na sala e sentam-se nuns lugares fantásticos, a meio da sala. Começa a publicidade. Lá fora, Ruben e Soraia não encontram os bilhetes, perdão... a amiga!

Classificados II

Saem duas novelas para o jornal da esquina, sff.

A teoria diverge sobre se existe material para uma ou duas novelas, mas está de acordo quanto ao género (dramático, como qualquer novela mexicana que se preze). As divergências serão esclarecidas se um dia se chegarem a apurar responsabilidades.

[Adenda: Antes que me processem, cabe-me informar que este post foi escrito a quatro mãos. Motivos relacionados com o segredo de justiça impedem-me de divulgar a co-autoria.]

Foward

Em conversa com a BB, que não percebia o porquê do post anterior, aproveitando desde já para esclarecer que não há razão nenhuma em especial para o mesmo, além da vontade de escrever, nem que seja para dizer baboseiras, cheguei à conclusão que preciso urgentemente de uma tecla de ‘foward’. Estou cansada que me digam que isto, aquilo e aqueloutro, não pode ser agora. Farta que me digam ‘daqui a algum tempo’, sem que ninguém me consiga medir a duração do mesmo, seja em horas, dias, meses ou anos. E mesmo a esse ‘daqui a algum tempo’ vem colado a um ‘talvez’ que me exaspera para além do imaginável. Não se trata aqui de ter pressa de viver como dizia há alguns meses a Charlotte (num dos poucos momentos em que nos deu o prazer da sua escrita, mas como o tema foi exaustivamente tratado no último encontro não vou voltar a ‘dar-lhe na cabeça por nunca escrever), mas tão só a vontade de que os compartimentos da minha vida se ordenem, que tudo seja apenas aquilo que é, que as coisas, mudando, voltem a ser como eram. Confuso? Pois, se não fosse, não estaria a falar sobre mim!

Miss Bradshaw pops up the big question*

When did we stop being free to become "you" and "me"?"

Por alguma razão insondável homens e mulheres tem uma tendência natural de se anularem estando, entendo-se este ‘estar’ por uma situação mais ou menos definida de intimidade, com o outro. Não generalizo à toa: afastei-me de amigos por isso. Perdi uma amiga durante uns meses quando ela começou a relação que tem actualmente, mas com o tempo as coisas foram-se compondo. Por estes dias um grande amigo recusa-se a sair comigo por ter uma nova namorada, achando imcompatível a nossa amizade e o seu namoro.

Talvez por serem mais sentimentais - no sentido de serem mais afectivas e dedicadas e não tanto na versão ‘Sabrina', com lágrimas e romances de faca e alguidar à mistura -, a propensão para praticar o ‘nós’ em detrimento do ‘eu’ é maior nas mulheres. Não crítico quem o faz, porque também eu já passei por isso e não sei, sinceramente, se aprendi com o erro. Mas há situações levadas ao extremo que me exasperam. Conheço quem não dê um passo fora do seu ambiente profissional, e às vezes até neste, sem que leve a reboque o seu mais-que-tudo, comportando-se como se a ‘cara metade’ fosse fisicamente isso mesmo, quais gémeos siameses.

Talvez a falta de tempo de que todas(os), de forma mais ou menos acentuada, sofremos, possa explicar as razões porque tendemos a colocar em primeiro lugar as actividades que possam incluir o “nós”. Mas será que isso explica tudo? Não explica, quase de certeza, a tendência, esta sim maioritariamente feminina, de, de um momento para o outro, as frases começarem e acabarem no plural…

* Título e citação roubados no Pausa para café, se não sabem quem é a Miss Bradshaw azar! (Obrigada R.)

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Descubram as diferenças...

Samantha to Carrie about Mr. Big: Have fun, just don't have amnesia.

Cumprir ou não?

Esta coisa de cumprir decisões tem muito que se lhe diga.

domingo, dezembro 11, 2005

Bilhete de Identidade

Não gostei do que li na pré-publicação feita pelo Público. Não gostei da escrita, que achei um tanto ou quanto infantil, pouco ao estilo do que Maria Filomena Mónica nos habitou. Não gostei da exposição da privacidade. Chocaram-me, confesso, as referências a terceiros, sem que isso violasse um pressuposto de intimidade que ela terá construído com eles. Desconfiei do interesse que pode ter a vida de uma mulher de 60 e poucos anos, que por muito que tenha alcançado enquanto académica, socióloga e historiadora, não é mais do que isso mesmo. Vi depois retratadas, de forma mais ou menos elaborada, todas estas ‘críticas’ em vários blogues e excluí definitivamente a hipótese de ir à FNAC buscar a etiqueta do ‘Bilhete de Identidade’ para juntar à lista de compras para depois do Natal.

Foi o artigo da asl ontem no ‘Mil Folhas’ que me fez mudar de ideias. Além de uma escolha inteligente de citações, a frase final do artigo - “O auto-retrato de Filomena Mónica será, a partir de agora, bibliografia indispensável para a reconstituição de uma época. Perante a enormidade do feito, a polémica em curso na blogosfera e na imprensa sobre a "legitimidade" da revelação dos casos afectivos é, seguramente, uma questão menor.” - convenceu-me. Hoje é a custo que fecho o livro para ir dormir...

PS: Quanto à escrita, percebo agora que foram infeliz as passagens escolhidas para a pré-publicação.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

De bestial a besta...

...e de besta a bestial em menos de um fósforo. É aproveitar enquanto estou na mó de cima.

Dia não

Continuam a faltar-me as palavras. E eu sem conseguir reagir. Cansa-me esta apatia, que me tolda o pensamento e aferrolha a capacidade de resistência. Antes estar furiosa, espernear, gritar com tudo e todos. Estou desorientada e pela primeira vez sinto a tua falta. Apetecem-me dois dedos de conversa…

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Pratique

Espero sinceramente que o leitor que aqui chegou, através do Google, para saber “quantas ejaculações seguidas pode ter o homem?”, acabe por encontrar a resposta às suas dúvidas. Um conselho? Pratique, homem!

A pedido*

* do Puto...

Entardecer

No céu havia algodão doce rosa e das árvores caiam confetes.

A Praia


Não é fácil chegar à ‘Praia’. São poucos metros de areia branca escondidos de olhares indiscretos por coqueiros, mangueiras e vegetação afim. As escarpas desencorajam qualquer um, mas o azul do mar é chamamento maior.

A medo, pés descalços, o corpo quase nu colado às rochas, sem olhar para o mar em baixo, passinhos inseguros, de quem nunca foi dada a escaladas, mãos crespadas na rocha negra, arrastei-me até poder saltar para a areia. Achei que o pior tinha passado. Subir é sempre mais fácil, porque as vertigens paralisam-me nas descidas. Enganei-me. A subida, feita pelo lado contrário (junto à raiz do coqueiro sobre a rocha arredondada) deixou-me as pernas a tremer, um joelho esfolado e uma nódoa negra num braço.

A fotografia, tal como está no negativo, sem recurso a photoshop para fazer sobressair o azul, não faz jus ao local. Se realmente existe um paraíso na terra, não pode ser muito diferente disto…

Roth*

"Mas S. estava absolutamente certo: Mr. W. morrera, embora ninguém o viesse a saber se não no dia seguinte, quando o carro incendiado contendo os restos mortais da sua mãe foi encontrado, fumegante, numa vala de drenagem ao lado de um batatal, na região plana logo a sul de Louisville. Aparentemente, fora espancada e roubada e o carro incendiado nos primeiros minutos de violência do anoitecer, que não se confinara às ruas do centro de Louisville, onde havia lojas que eram propriedade de judeus, ou ruas residenciais, onde vivia um punhado de cidadãos judeus de Louisville. Os homens do Klan sabiam que, uma vez as tochas acesas e as cruzes a arder, a ralé tentaria sair e, por isso, estavam à sua espera, não apenas na estrada principal que levava para norte, para o Ohio, mas também ao longo das estreitas estradas vicinais que seguiam para sul, que foi onde Mrs. W. Pagou com a vida a difamação do bom nome de Lindbergh, primeiro pelo falecido W. W. e agora pela máquina de propaganda controlada pelos judeus do primeiro-ministro Churchill e do rei Jorge VI.”
A Conspiração contra a América, Philip Roth

*A pedido de "várias famílias", mas com a quase emissão dos nomes para não estragar a leitura a quem ainda não chegou lá.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Liberdade

Contrastes

Leituras

“Senti as horas, meti-me dentro delas, percorri-as inteiras e, pela primeira vez, soube o que era a solidão.”
Don Juan, Torrente Ballester

terça-feira, dezembro 06, 2005

Osmose

Olhares

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Voltei

Ilhéu das Rolas, São Tomé

Voltei. Sem palavras. Nem tanto pelo que vi e senti, mas apenas porque sim. Até que regressem, ficam as fotografias. Pode ser que com as imagens, que sempre se disse valerem mais que mil palavras, venham também algumas histórias. Sem promessas.

A Ilha



(Lagoa do Fogo, S. Miguel, Açores)

Aqui passei os últimos 4 dias. E já não é a primeira vez. Gosto deste lugar.

São Miguel é uma Ilha. Mas não apenas no que à geografia diz respeito.
É uma ilha de beleza. Mas também uma ilha, pelo isolamento que proporciona. Bom para os que vão. Às vezes mau, para os que ficam.

Uma viagem a São Miguel - a mais habitada ilha açoriana - custa, em média, 200 euros. Isto se marcarmos com antecedência (muita, mais de um mês), se não mudarmos o voo, se pagarmos pela internet. São Miguel fica em Portugal. Mas não parece.

Muitos portugueses não conhecem os Açores. Nenhuma das nove ilhas. Mas passam férias no Brasil, porque o sol queima... passam férias na Escócia, porque são fantásticos os contrastes... passam férias no sul de Espanha, porque é mais quente o mar... passam férias na Suiça, porque há percursos de montanha...

Eu já passei férias em todos estes sítios, por estes motivos que referi. E depois passei férias nos Açores.

Eu gosto de viajar. Gosto muito. Em trabalho, ou em lazer, já fui a alguns sítios. Gostava de ir a mais. Não costumo repetir locais, porque acredito que mais vale conhecer um novo destino a ver, com outro olhar, o mesmo. Mas fui, nos últimos dois anos, umas quantas vezes aos Açores... e não me cansei de voltar.

Para que fique registado:
Há muito sol, no Verão Açoriano. Menos areia, mas rocha que, pasme-se, chega a ser tão confortável como a areia. E como a rocha é negra (tal como a areia de todas as praias, à excepção da que cerca Santa Maria), negro fica o corpo em poucos dias.

O Outono e o Inverno provocam, nos Açores, um mar de contrastes. A chuva e o sol que, todos sabem, fazem de um dia, quatro estações, contribuem para uma multiplicidade de cores e de vegetação que não cansam o olhar.

No Verão, é tão quente como um banho de casa, a água dos Açores. Há sítios - onde estão as caldeiras, no mar - que são autênticas banheiras. É só conhecer a costa...

E, cada vez mais, oferecem-se percursos de montanha, nas ilhas açorianas. E não é só no Pico, a montanha que parece fácil.

Eu não tenho uma agência de viagens. Apenas uma amiga, a viver em São Miguel. E gosto de lá ir.

Um destes dias, volto...

Eu não cumpri

Pensei que conseguiria. Mas não consegui.
Carrie... já que voltaste, volta a alimentar este Blog como ele merece.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Não gosto de poesia. Mas gosto de Pessoa.

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

Fernando Pessoa

O dia em que a Carrie foi de férias....

Custa a crer.
Mas ela não estará neste blog, pelo menos durante uma semana.
Não creio que, lá por São Tomé, entre as aulas de ioga e o sol, e mais os livros que eu sei que levou, consiga ter tempo, e um computador capaz, para escrever um 'post'...

Dada a indisponibilidade (constante) das que connosco partilham este espaço, tentarei por aqui passar. Não tanto quanto gostaria. Mas as vezes que me forem possíveis.

Até já. (sem patrocínio da TMN)

sábado, novembro 26, 2005

Férias!!!!

Esta viagem não é a solução para todos os meus problemas. Na verdade não é solução para nenhum deles, a não ser, talvez, a falta de descanso. Também não é um princípio, nem um fim. É apenas uma das viagens da minha vida: São Tomé e Príncipe. As roças, as praias, o verde...

Não deixa de ser estranho ir de férias sozinha. Ou quase... fazer um retiro de ioga, para quem a prática é pouco diferente de fazer uma aula de ‘body attack’, com pessoas que não conheço, e correndo o risco de serem completamente ‘místicas’ – mais preocupados com as fases da lua e o alinhamento dos planetas do que eu em deixar de fumar e fazer uma alimentação saudável –, é no mínimo uma aventura. Imaginar-me a fazer ioga ‘ao sol nascente’, quando o dito ‘acorda’ lá para as cinco da manhã, também não é propriamente animador. Mas a verdade é que tudo isto são pormenores sem importância. Se os tipos forem ‘místicos’, mando-os a todos dar uma curva a seguir à aula, enquanto me deixo ficar a tostar ao sol. Companhia não me falta: Ballester, Saramago, Javier Cercas, Pedro Almeida Vieira, além do Roth que ainda estou a acabar. E o que eu me pelo por passar dias inteiros a ler, sem ligar pevide a ninguém!

De malas aviadas, ou não...

É uma sensação estranha, esta de meter na mala roupa leve, enquanto a chuva fustiga as janelas e o céu cinzento ameaça abater-se sobre a cidade. Mais ainda quando a mala, já fechada, depois de me ter sentado em cima, me parece pesar mais do que os 20 quilos regulamentados.

Confesso que nunca gostei de fazer malas. Que nunca soube prepará-las. Eu sei lá o que me vai apetecer vestir dentro de três dias? Ontem quando comecei a saga achei que era simples. T-shirts, calções, biquínis e chinelos. Mai’nada! Mas depois fico a olhar para o guarda-fatos, para as gavetas, e lá vem a mini-saia branca que também é boa para levar para a praia, o vestido vermelho comprado em NY que só usei uma vez, a camisa branca com motivos japoneses, porque me dá um ar 'fashion' e descontraído...

Estou para aqui a pensar se não a devia voltar a abrir e deixar por cá algumas coisas. Já estou mesmo a ver o filme... daqui a uma semana vou passar horas às voltas para encaixar tudo o que agora, dobradinho e passado a ferro, coube na perfeição, mas que depois parece multiplicar-se, inchar até adquirir o dobro do volume. Uma hora a insultar-me, a praguejar qual marinheiro, porque o raio dos ‘souvenirs’ se digladiam com as t-shirts, os chinelos, os biquínis... Pronto, pronto... vou até ali e já volto.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Agradecimentos

A gerência gostava de agradecer ao leitor(a) da Aldeia de Paio Pires, Setúbal. É o mais assíduo no ‘sitemeter’. A gerência pede desculpa de não actualizar o blogue tantas vezes como o caro(a) leitor(a) provavelmente gostaria. A gerência teme que as coisas tendam a piorar agora que a Carrie está a menos de 24 horas de se meter num avião e de se pôr a andar daqui para fora.

(Já agora, onde raio fica a Aldeia de Paio Pires?!)

To do list*

  • Levantar o visto
  • Ir à farmácia comprar repelente
  • Depilação, pedicure e afins
  • Massagem
  • Almoçar
  • Passar a tarde na melhor esplanada de Lisboa
  • Ler Philip Roth até fartar
  • Ioga
*Em estágio para o voo de Sábado.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Mission accomplished

Sem dramas, sem choro (ok, com uma lagrimazinha a resistir ao pestanejar acelerado), e acima de tudo sem medos. Apenas com uma enorme sensação de vazio e saudade. Sobrevivi para contar o resto da história. Não desta, porque esta chegou ao fim. Ponto final parágrafo.

PS: Gosto muito de ti. E isto é apenas um 'até já'.

Fix (me)

When you try your best but you don't succeed
When you get what you want but not what you need
When you feel so tired but you can't sleep
Stuck in reverse


And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone but it goes to waste
Could it be worse?
(...)
And high up above or down below
When you're too in love to let it go
But if you never try you'll never know
Just what you're worth


Eu podia estar aqui a falar da música, do palco, das luzes, mas depois vem a Samantha e desmonta tudo, como quem percebe muito do assunto (e assumidamente percebe), por isso mais vale estar sossegadita.

terça-feira, novembro 22, 2005

Dia D

D de decisões. Difíceis ainda por cima. Agora falta por em prática, mas já começou a doer.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Temos pena

pelos leitores que hoje chegaram a este blogue através da pesquisa do Google. Não, Sexo é coisa que não abunda nesta Cidade. A gerência pede desculpa e promete colmatar a falha dentro em breve, sob pena de vir a ser processada por publicidade enganosa.

Why?

O que leva um homem a manter uma mulher em suspenso durante três semanas?

A fazer convites que não concretiza: porque morreu o gato da avó, porque foi operado ao apêndice, porque acabou o açúcar, porque está a chover, porque está sol... Um homem que durante 19 dias aparece e desaparece feito coelho a saltar da cartola, mas só quando ele quer. Lança charme, “flirta”, seduz descaradamente, mas no último minuto afasta-se. Faz marcha-atrás. Liga os quarto piscas e desaparece. Até à próxima vez…

Terá namorada? Uma mãe possessiva? Agorafobia? De todos esta é sem dúvida a única que me parece acertada. Não interessa entrar em pormenores. Garanto-vos que será difícil combinar (mesmo que seja para ele depois não aparecer) qualquer coisa em espaços abertos. Medo de compromissos? Não acredito. Ninguém assume um compromisso ao primeiro encontro. E é exactamente disso que estamos a falar: O primeiro encontro.

A primeira palavra é quase sempre dele. Quando se cruzam nos corredores ou por sms. A última dela. Porque mesmo quando ela aceita jogar com as regras dele, partilhando, talvez, da minha teoria sobre a agorafobia, o que é que ele faz? Adormece. Resposta só daí a 24 horas. E tal como das outras vezes, as justificações são tão esfarrapadas, que por muito que se tente pegar numa ponta, desfazem-se em pó, e ela fica como sempre de mãos vazias.

A D. é uma miúda interessante, inteligente, bonita e ainda por cima disponível. Não é possessiva. Tem a sua própria vida. Os seus amigos. Não fica em casa a ver as horas passar. À espera que o telefone toque. Passará com certeza muito bem sem um tipo que “não fode, nem sai de cima”. A D. tenta jogar este jogo da única maneira que sabe. Sendo sincera e acima de tudo protegendo-se. Mas faça ela o que fizer, aceitando jogar à cabra-cega, ao gato e ao rato, o resultado é sempre o mesmo. Ele simplesmente recua no último minuto.

O que leva um homem a deixar uma mulher em suspenso durante três semanas? (Os primeiros leitores serão contemplados com uma colecção completa da Sabrina. Se não sabem o que é também não têm idade para andar a ler este blogue, por isso andor!)

O que leva uma mulher a deixar-se ficar em suspenso durante três semanas? Esta eu sei. Há quem diga que é "para tirar aqueles músculos a limpo..."

domingo, novembro 20, 2005

Porque hoje é domingo

Chove lá fora como se o dilúvio fosse hoje e o céu cor de chumbo não traz notícias de melhoras. Inaugurei o Inverno acendendo pela primeira vez o aquecedor. Não tanto pelo frio, mas para me sentir protegida. Estou na ressaca de uma descoberta. De o ouvir dizer com todas as letras “estou com”, sem que na minha cabeça consiga medir em toda a extensão o que me diz. Percebo apenas que a descoberta não foi mais que uma confirmação de algo que já suspeitava. A vida, a dele, segue sem mim. Fico contente, porque o sei feliz. O medo que eu tinha que não pudesse voltar a sê-lo, sabendo que a culpa seria minha... mas percebo que era o bisturi que faltava para acabar com o cordão umbilical. Que como todas nós, também ele tem a capacidade de se regenerar. De (sobre)viver. Olho pela janela e vejo a chuva que bate na calçada sem parar. Sorrio. A vida, a minha, segue dentro de momentos.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Orgulho

Rendo-me à minha transparência e entrego-me a um ritual que pensava partilhado. Sinto-me bem comigo.

Poder até podia

não teria era grande futuro.

Isto em resposta à pergunta do Esplanar: Você podia ser escritor? A solução está num teste, publicado no início dos anos de 1980 pelo Jornal de Letras, Artes e Ideias, e que o JPG nos desafia a responder.

Eu? Sou medianamente dotada (olha a novidade!) e inclino-me para o género Intenso: O fundo e, quase sempre, mais profundo que a forma. Convencido e angustiado. Grandes ambições. De Camus a Marx; mas também: Barthes, Goethe, Zola, Soljenitsine.

[Vão até lá e depois deixem aqui os resultados. Os restantes leitores podem usar a caixa de comentários.]

quinta-feira, novembro 17, 2005

Temporário

Além de esteticamente pouco apelativo, o cronómetro que aparece agora no topo desta Cidade, qual Empire State Building, é uma invasão indecente de um espaço comum, mas prometo que será temporário. Não imaginam o trabalho que me poupa. A uma semana de levantar amarras, passo as horas a contar os dias que faltam para sair daqui. E já falta tão pouco!

A pergunta

Cai ou ou não cai?

Coisas que me fazem sorrir 17

Descobrir que aquelas mensagens de correio electrónico, que ando para apagar há meses, afinal sempre tem alguma utilidade, ainda que profissional. A seguir fazer delete.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Coisas que me tiram do sério 6

Sair a horas para ir ao ioga e não ter aula porque está lua cheia. E?! Who funcking cares? Eu só quero queimar calorias e livrar-me do stress acumulado nos ombros, quero lá saber das fases da lua, das marés ou do alinhamento dos planetas!

Eu já sabia que na lua nova não há prática, e a verdade é que nunca quis sequer saber porquê, também sabia que estava lua cheia, já a tinha visto lá em cima redonda e provocadora, mas porque raio também não se pode fazer ioga na lua cheia? Hoje era tal a fúria, contra o mentecapto que inventou semelhante regra, que fui à procura. Sei que não interessa para nada, a mim serve-me para não me voltar a esquecer:

“Like all things of a watery nature (human beings are about 70% water), we are affected by the phases of the moon. The phases of the moon are determined by the moon’s relative position to the sun. Full moons occur when they are in opposition and new moons when they are in conjunction. Both sun and moon exert a gravitational pull on the earth. Their relative positions create different energetic experiences that can be compared to the breath cycle. The full moon energy corresponds to the end of inhalation when the force of prana is greatest. This is an expansive, upward moving force that makes us feel energetic and emotional, but not well grounded. The Upanishads state that the main prana lives in the head. During the full moon we tend to be more headstrong.

The new moon energy corresponds to the end of exhalation when the force of apana is greatest. Apana is a contracting, downward moving force that makes us feel calm and grounded, but dense and disinclined towards physical exertion.

Observing moon days is one way to recognize and honor the rhythms of nature so we can live in greater harmony with it.”


Claro que podia ter sido pior… hoje pus o despertador para as 7h(!!) para ir fazer aula. Graças a Deus, ou à minha preguiça, desliguei-o e virei-me para o outro lado...

O dedo na ferida

"'Que é que se faz com o que nos fica na cabeça, quando já não há nada a fazer?' pergunta algures o Miguel Esteves Cardoso, a espetar o dedo em cheio na ferida."

Encontrado nos arquivos da Rosebund.

A ovelha ranhosa

Não gosto do Natal. Assim como não gosto do Ano Novo, do Carnaval ou do dia do meu dia de aniversário, na devida ordem cronológica e não de desagrado. Irrita-me que as festividades marcadas no calendário tragam em ‘attach’ a obrigatoriedade de toda a gente andar de sorriso nos lábios. Então, no Ano Novo não há mesmo paciência!

Com o Natal vêm também a euforia dos presentes e eu, que adoro dar prendas quando descubro coisas que sei que vão ser realmente apreciadas, fico, invariavelmente, sem saber o que oferecer. Resultado: amigos 0 – FNAC 1. E depois há a mania de embrulhar o Natal com quase dois meses de antecedência, que faz com que qualquer dia – imagino que não muito longínquo – se comece a decorar as montras e a encher ruas e avenidas de enfeites de Natal em Agosto. Sou do tempo em que as luzes se acendiam algures no início de Dezembro, aí sim, já com um cheirinho a Natal no ar. Sou do tempo em que a árvore – quase sempre um pinheiro natural, que depois conservamos num vaso para mais tarde ser passado para a terra do jardim, ainda que poucos tenham sobrevivido – era enfeitada no feriado de 8 de Dezembro ( se bem que lá em casa, se tenha, nos últimos anos, começado a fazer na tarde da véspera de Natal), muito a tempo de dizer ao Pai Natal onde deixar as prendinhas. Agora não só nas lojas, mas também nas casas começam a aparecer sinais precoces do Natal, o que faz de mim a ovelha ranhosa lá do prédio, por não ter ainda dado um ar da minha graça natalícia. Não há paciência para as luzinhas a piscar, os pais Natal empoleirados nas varandas, a neve artificial nas montras. A sério que não há!

segunda-feira, novembro 14, 2005

It's not getting better II - Uma outra visão

Há quem, a partir dos 30, perceba essa tua reflexão, Carrie.
Sou uma delas.

Há quem, a partir dos 35, não tenha alternativa, senão percebê-la.Conheço gente assim.

Na minha curta - mas sofrida, vivida, eu sei lá... - experiência, concluo que os jogos a que achamos piada aos 17, tornam-se viciantes aos 22, doentios aos 28, desesperantes aos 30, preocupantes aos 32. Mais não digo, porque não tenho idade para isso.

Creio ter a ver com o nosso ego, com a nossa auto-estima. Por um lado porque não sabemos dar, ao outro, a razão do nosso amor, do nosso gozo, da nossa satisfação e puro prazer... Ponto. Por outro, porque não sabemos, nós, lidar com os elogios, com o gosto do outro, com a entrega e com a dedicação que nos é dada. Soa-nos a falso. E partimos para outra.

Uma vez ouvi uma amiga desligar o telefone com a seguinte frase: 'Ele gosta demais de mim!'. Ri-me. Olhei para ela a pensar: 'Bolas... claro que gosta de ti. Tu és uma pessoa fantástica'. Ela disse-o com o humor que a carateriza. Mas com alguma preocupação. Como lidar com tanto 'gostar'?
O rapaz do telefonema já não é o namorado dela. Aliás, ela não tem, actualmente, um namorado.

É curioso. Conseguimos, por vezes, ser mais honestos e capazes de pôr a nú os nossos sentimentos nos momentos em que somos desprezados e, quando a coisa é partilhada, tendemos a fazer de conta que não é connosco. Penso, às vezes, que se me dizem 'gosto de ti' é ridículo dizer 'e eu de ti'. Fico com a sensação de estar apenas a retribuir. É como quando nos mandam um cartão de Boas Festas. Há uns que já dizem 'Agradece e Retribui'. Como quem diz... 'olha, não me tinha lembrado de ti, mas já que mandaste o cartão, aqui vai outro'. Não podia ser antes: 'Olha, fiquei tão contente por te lembrares de mim que não quis, de modo nenhum, deixar de dizer-te que também me lembro de ti'.

Acontece-me tanto...

Vai longo este 'post'. Porque o assunto que trouxeste à baila, Carrie, tem que se lhe diga. Tento, agora, ser o mais clara possível nestas coisas do amor e do gostar. Reclamo quando não o fazem comigo. Detesto entrelinhas e recados que não passam da intenção de os dar.
Às vezes ainda entro no jogo. Consciente que perderei sempre, seja qual for o resultado. É que este não tem soluções, nem mesmo invertidas, na página ao lado. Sai-se dele jogando até perder tudo. Na esperança de ganhar bom-senso, e uma grande dose de coragem.

Pela minha parte... gosto de ti. Muito. E das outras (semi) habitantes deste blog.

It’s not getting better

Somos cada vez menos nós próprios. Somos cada vez mais como queremos que os outros nos vejam. Andei anos convencida que com a idade algumas coisas deixariam de ser precisas. Porque amadurecíamos e isso faria de nós pessoas mais sinceras connosco e com os outros. Enganei-me.

Passados os 30, e olhando para as mulheres (e homens) fenomenais que me rodeiam, percebo que nunca deixamos os bancos da escola, que nunca perdemos a timidez que nos impedia de ser frontais e nos fazia passar bilhetes, rabiscados em folhas roubadas aos cadernos do T.P.C., pela amiga-do-primo-da-amiga do nosso-mais-que-tudo do momento. É certo que aprendemos algumas coisas e nos sofisticamos. Deixamos de rabiscar bilhetes. Agora escrevemos sms ou usamos o messenger. Exactamente pela mesma razão. Falta-nos a coragem de olharmos de frente aquele(a) que nos desperta as feromonas. Inventamos coincidências que nunca chegariam a acontecer por muito que os planetas se alinhassem, arranjamos desculpas para estar no sítio certo à hora certa. O que nunca, ou raramente, fazemos é olhar nos olhos de alguém e dizer-lhe simplesmente "I love you. And not, not in a friendly way, although I think we're great friends. And not in a misplaced affection, puppy-dog way, although I'm sure that's what you'll call it. I love you. Very, very simple, very truly."

Com a idade vem, qual pack ‘dois-em-um’ que nenhuma de nós encomendou, uma noção do ridículo, ou da decência, que nos impede de ser espontâneos. Passamos a medir com regra e esquadro cada gesto, pesamos várias vezes cada palavra, não vá o entusiasmo do momento pôr mais pimenta num simples “olá”. Contemo-nos e amordaçamo-nos, sabendo que quem der o primeiro passo, quem mandar a primeira mensagem ou fizer o primeiro telefonema demonstrará uma fraqueza miserável.

Como em tudo a generalização pecará por excesso. Haverá quem, com a idade, perca a paciência para o jogo mais perigoso de todos, a sedução. Ou será melhor dizer o amor, porque afinal, nunca sabemos quando, onde, porque alguma coisa vai acabar... ou começar.

Me aguardem!

Há situações que tem um momento próprio. O primeiro beijo. O primeiro dia de aulas. O primeiro chumbo. O primeiro amor. A primeira desilusão. O primeiro emprego. Com o tempo aprendemos a prepararmo-nos para o que aí vem. E por muito que vida todos os dias tenha a capacidade de nos surpreender, vamos encontrando formas mais ou menos eficazes de lidar com as alegrias, as decepções, os sorrisos e as lágrimas. Mas de repente surge algo que de tão extemporâneo nos apanha de surpresa. Nos tira o tapete e nos faz tropeçar desamparados. É tal a estranheza que ficamos simplesmente sem reacção. A minha semana acabou assim. No caos. Talvez porque não reagi, não barafustei, não esperneei, não berrei, senti-me como se o meu mundo tivesse desabado. Agora é altura de levantar a cabeça e mostrar a algumas pessoas que não fico de braços cruzados perante a mais pequena contrariedade. Se há alguma coisa que posso, e sei, controlar na minha vida, é o meu trabalho. Me aguardem!

sábado, novembro 12, 2005

Pedra sobre pedra

"Ver ao longe é um dom especial de certas pessoas, sobretudo daquelas que não é pelas realidades alheias que caminham. Não pode por conseguinte ver ao longe aquele que põe a sua vontade ao serviço de qualquer acto imediato que caiba dentro do espaço de tempo da sua existência.
(...)
Quem não sabe ver ao longe levanta muros em redor de si e muralhas que lhe tapem o horizonte. Se não sabe ver ao longe, tanto lhe faz como não que exista o longe, por isso tapa-o.
(...)
A condição para saber ver ao longe é estarmos dentro de nós se se trata do próprio, ou de ter renunciado a si mesmo se se trata dos outros.

2 Romance
Almada Negreiros

sexta-feira, novembro 11, 2005

Rai’s parta

a vida que quando começa a endireitar-se de um lado, alguma coisa tem que dar para o torto noutro.

O desmoronar de um mito

O que as mulheres querem é muito simples: querem que as cenas dos filmes não sejam só nos filmes. Todas.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Hung Up

Quando choramos a ouvir o 'Hung Up' só pode haver uma, de duas explicações:
Ou não gostamos da música e custa-nos, até, ouvi-la...
Ou estamos tão tristes que ouvir Madonna, ou o genérico do 'Noddy' significa exactamente o mesmo.

Creio que estamos perante a hipótese dois, já que o 'Hung Up' até aproveita acordes dos Abba que cederam os direitos à diva da pop (eu também gosto desta, e muito) e minguém dúvida do mérito musical do grupo sueco.

Se estamos perante a hipótese dois é preocupante. Se associarmos as lágrimas a frases como 'Só não gostei de me ver a mim' então, a situação é ainda mais preocupante. Se acrescentarmos o facto de a mesma pessoa que chora e que não gosta de si própria ter saudades minhas (!!!!) chega a ser aterrador.

Minha boa amiga...
Do alto da minha experiência, lhe digo:
As pessoas que nos tratam mal não merecem o nosso amor.
As pessoas que nos fazem chorar não merecem o nosso sorriso.
As pessoas que pensamos serem 'únicas' na nossa vida são, apenas e sempre, mais uma.
As pessoas que nos roubam energia e tempo não estão a mais... Mas também não acrescentam nada. E porque é difícil termos tempo e energia para todas as outras pessoas, especialmente para as que nos fazem bem, então...

Bolas.
Eu não sou psicóloga.
Mas sei porque não gosto de ver uma amiga infeliz
E custa-me vê-la passar pelo meu caminho, sem nada poder fazer para provar que há estradas alternativas. E nem sempre são de terra batida. Mas podemos levantar o pó para não vermos o que ficou para trás.

Acelera.

Shakira, minha cara amiga

Se há um mês me dissessem que escreveria, um dia, um 'post' sobre a Shakira, eu diria:
- Sim, para dizer que a gaja tem mau ar, canta mal e vive de abanar as ancas, o que é pouco para uma mulher... (talvez o dissesse de forma mais bruta).

De facto, cada vez mais aprendo que as verdades absolutas não existem e que cada dia podemos mudar tudo e muita coisa. As opiniões também.

'Conheci' a Shakira querendo vendê-la.
Achei uma boa ideia trazê-la ao JN e acreditei que as adolescentes e os pais delas fariam deste, um momento de grandes audiências. Achei também que a Shakira era um tormento, estrelita latina, burra e sem interesse.

Metade era verdade. A outra, não.

Não me interpretem mal... nem me considerem tonta por falar da Shakira como se tivesse crescido com ela. Mas se podemos falar mal das pessoas, só porque lemos ou ouvimos uma entrevista delas, só porque vestem calças de lycra ou saia de cabedal com meias de renda... se podemos falar mal por 'dá cá aquela palha' (parafraseando a minha avó)... então, também podemos falar bem. Por razões simples.

Eu gosto da Shakira.

Pois é. Gosto. Uma miúda (mais nova que eu 4 anos) com o sucesso dela, gira que se farta, que se esforça por falar português... uma miúda que sai de uma entrevista e pergunta a uma pessoa como eu (que nunca viu, que não conhece e que é, claramente, menos 'apessoada' que ela) 'Fez sentido o que eu disse? Percebeu-se o meu português?'... Uma miúda que agradece por ter sido convidada quando, o que está em causa é agradecer-lhe o facto de ter vindo. Uma miúda assim só pode ter a minha admiração.

Se é verdade que as aparências iludem... aqui provou-se isso mesmo.
A Shakira da dança do ventre não provoca, apenas... tem é um pai libanês.
A Shakira das músicas pirosas pára para falar às miúdas de 8 anos e perde tempo com elas a tirar fotografias nos telemóveis.
A Shakira que deixa os homens em delírio viaja, afinal, com um irmão. E chora a morte de outro.
A Shakira Isabel (é verdade, assim se chama esta colombiana) é uma rapariga igual às outras, que vai ao supermercado e não quer ser reconhecida.

Rendida. Fiquei, é verdade.
Quase desculpo o título 'Fixação Oral', do último disco.

Ausência

Trabalho, trabalho, trabalho.
Estou de rastos.
Por isso não vim.

Porque há uvas escondidas entre as parras...

É a ouvir o novo disco de Madonna que escrevo este 'post'. Explicarei, adiante, o porquê da minha ausência deste 'blog' (a quem possa interessar) mas, para já, tenho de dizer qualquer coisa sobre os MTV Awards...

1 - Antes de mais: Obrigada, Carrie. Estive lá por tua causa. E foi uma oportunidade única. Estivemos lado a lado e vimos (ou, pelo menos, pressentimos) coisas diferentes... Mas a prova de amizade foi o bastante para eu gostar de lá ter estado. Mais a Madonna...

2 - A Madonna... Ora, a Madonna não cantou em play-back. Aliás - e lamento dizer isto - até desafinou um bocadinho... Havia, isso sim, um 'delay' entre o que ouvíamos e o que víamos no ecrã. Porque se tratava de um espectáculo pensado para televisão, e porque a MTV teve, pela primeira vez num evento destes, tradução simultânea. Ora, sendo esta gente um pouco obcecada com as questões do pudor - não fosse a Shakira mostrar as mamas ou o Robbie Williams mandar todos para a 'puta que os pariu' - havia uma diferença de três segundos entre o que acontecia e o que era mostrado. Começa a ser frequente, em cerimónias deste género.

3 - Também achei brilhante a actuação dos Foo Fighters, por causa do jogo de luzes e da forma como parecíamos estar sobre e sob as nuvens. Era só escolher de que lado queríamos estar. Eu fui variando. Fraquinhos, os Coldplay... música mal escolhida e som miserável. Na televisão, diz quem viu, parecia tudo bem. Lá está, aquilo era para ver em casa. Exemplo disto foi a actuação dos Gorillaz (parte deles). Perdeu-se metade do impacto no Pavilhão Atlântico...

4 - Foi exactamente o espectáculo televisivo que me impressionou (ossos do ofício?). É que estava tudo bem montado, muito bem estruturado e planeado para o quadradinho. Um exemplo: quando a Madonna entregou o prémio ao Bob Geldof, um momento aparentemente importante, só o público atrás deles estava em êxtase. Ou seja, só o público sob o foco de luz. Todas as outras pessoas pareciam estar a ver outra coisa. Talvez tivessem mudado de canal...
Ainda assim pareceu-me bem feito. Profissional. E os momentos não foram assim tão mortos, quando comparados com coisas que já vi ou fiz (em tv, claro está)... E até elogio o trabalho do assistente de palco que esteve aos gritos. É um trabalho difícil, o dele: fazer acreditar que estamos todos 'muita bem', satisfeitos da vida e a 'curtir' cada segundo daquele espectáculo... Se pensarmos que parte do público (a maior parte) não comprou bilhete e estava ali porque lhe deram essa oportunidade, apenas, sem gozo, portanto...

5 - Quanto à Shakira... aguardo o convite para ir às Bahamas! Deve ter quartos para todas.

Noites longas

Ando há uma semana a deitar-me com um grego que não me deixa dormir.

terça-feira, novembro 08, 2005

Frase do dia

"Estou mesmo apaixonada"

segunda-feira, novembro 07, 2005

Devagar, devagarinho...

Hoje fiz as pazes com um CD.

"Ain’t nobody’s love that can help me..."

(Sim, Samantha, podes gravar para ouvires sempre que quiseres)

domingo, novembro 06, 2005

The Brooklyn Follies

“Yes, I suppose you could. And you’d wind up regretting it every day for the rest of your life. Don’t go there Joyce.Try to roll with the punches. Keep your chin up. Don’t take any wooden nickels. Vote Democrat in every election. Ride your bike in the park. Dream about my perfect, golden body. Take your vitamins. Drink eight glasses of water a day. Pull for the Mets. Watch a lot of movies. Don’t work too hard at your job. Take a trip to Paris with me. Come to the hospital when Rachel has her baby and hold my grandchild in your arms. Brush your teeth after every meal. Don’t cross the street on the red light. Defend the little guy. Stick up for yourself. Remember how beautiful you are. Remember how much I love you. Drink one Scotch on the rocks every day. Breathe deeply. Keep your eyes open. Stay away from fatty foods. Sleep the sleep of the just. Remember how much I love you.”

Esta – juntamente com a frase de abertura [“I was looking for a quiet place to die. Someone recommended Brooklyn…”] – foi eleita, por unanimidade, a melhor passagem do “The Brooklyn Follies”.

sábado, novembro 05, 2005

O primeiro dia

do resto da minha vida. Foi ontem. Espero não estar enganada...

sexta-feira, novembro 04, 2005

Mote para um jantar...

"O que é que se pode fazer quando o amor nos larga? De repente há tempo para ler, tempo para os amigos, tempo para o trabalho, tempo para o olhar. Diz que sim. Há tempo para tudo, mas é tudo sem querer. E depois, um dia, acorda-se, vai-se à mesa, lê-se a última página do último livro que se tinha para ler, abre-se a agenda, e verifica-se que tudo está em ordem e que se está finalmente em dia. Em dia"

Não sei qual é a fotografia, nem se a legenda é da autoria do próprio FTA, só sei que gostei. Muito.

Muita parra e pouca uva

Não percebia e continuo sem perceber a histeria em torno dos MTV Music Awards. Não sei como é que o espectáculo resultou em televisão (pelo que me dizem saíram-se mal), mas a mim pareceu-me “muita parra e pouca uva”. Muitos momentos mortos, péssimo som, maus apresentadores, muito barulho de fundo na plateia. Não há explicação para o histerismo colectivo de cada vez que um dos artistas dizia ‘boa noite Lisboa’ ou ‘Obrigada’. Pela parte que me toca encolhia-me na cadeira envergonhada com o provincianismo do povo, mais ou menos selecto, com muita lantejoula e vestido de gala.

Claro que houve momentos bons (esta é para aqueles que dizem que passo a vida a queixar-me). A Madonna, que me é um tanto indiferente como artista (desculpa Samantha), cantou em ‘playback’, mas mostrou que continua a ser uma verdadeira senhora no palco. Os Green Day foram soberbos, num palco que anulou o ar pardacento das anteriores actuações. O mesmo aconteceu com Foo Fighters, com um brilhante jogo de luzes, e o Gorillaz que combinaram imagens em três dimensões com dois dos artistas em cor de osso. Os System of a Down tem um som fortíssimo e, mesmo para quem não gosta do género, é impossível ficar-lhes indiferente. Os Coldplay estiveram longe do que acho que pode ser um concerto deles (presumo que não quiseram estragar a festa do final do mês em Lisboa, risco mínimo já que os bilhetes estão esgotados - infelizmente! - há séculos), mas mesmo assim valeram a pena.

Para além da música foi interessante ver como se deram as transformações do palco, com uma roda gigante a ser mudada de sítio em poucos segundos, o público bem treinado que se ia movimentando/saltando guiado pelos holofotes que davam sinal de que estavam a ser filmados. Mas os condicionalismos de um directo, como muitos intervalos publicitários deram lugar a momentos mortos e enfadonhos, durante os quais um tipo absolutamente histérico tentava pôr o público a mexer e a gritar Portugal, não fossem os figurantes adormecer na forma nos quatro minutos de espera entre cada bloco.

PS: Já agora, just for the record, vi o concerto ao lado de uma amiga da Shakira e no fim do espectáculo fui dar um beijinho ao amigo do peito do Robbie. Sim, porque eu só me dou com gente bem colocada.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Gostei, ou não...

Hoje foi um daqueles dias em que gostei da imagem que me devolvia o espelho. Gosto do preto, porque imprime uma imagem de sobriedade e ‘glamour’, mesmo que não se vista mais do que umas calças e uma camisola banal. É uma cor com personalidade. Serve de pouco ser juiz em causa própria, principalmente quando sei que esta última não é predicado que me valha por estes dias. Mesmo assim, gostei do reflexo que sobressaía através de um ‘malmequer’ vermelho.

segunda-feira, outubro 31, 2005

É que não apetece fazer mesmo nada!

preguiça
1. tendência de uma pessoa para evitar ou recusar o esforço;
2. indolência;
3. inacção; moleza; lentidão;
4. mandriice; vadiagem;

preguiçar
1. dar-se à preguiça;
2. não fazer nada; mandriar;

Direitos humanos

Acender um cigarro em Nova Iorque é a mesma coisa que pedir que nos fuzilem ali mesmo. Na verdade não lhes dou muitos anos para que criminalizem o consumo do tabaco. Fumar dentro de um edifício deve ser punido com a pena de morte, por isso cada vez que os níveis de nicotina descem abaixo do desejado lá vamos parar ao meio da rua.

Na New York Stock Exchange, onde passei quase seis horas, vinguei-me obrigando a ‘baby-sitter’ de serviço (nenhum visitante pode andar sozinho, só falta entrarem connosco para a casa de banho) a descer duas vezes do sexto andar. Nos restaurantes levantamo-nos a meio das refeições, correndo o risco de passar por anti-sociais, o que no meu caso também não é mentira nenhuma. Obrigados a fumar na rua enfrentamos, ainda que só em Outubro, outro inimigo mortal. O frio.

Sexta-feira à noite, enquanto fumava e tentava controlar o bater dos dentes, antevendo já uma valente constipação dei comigo a pensar: Será que esta gente já comparou o número de pessoas que morre de cancro no pulmão com as mortes causadas por pneumonia? Terão feito as contas a quanto gasta o serviço nacional de saúde numa e noutra situação? Já fizeram? Ah sim? É mais barato proibir o consumo do tabaco? Então e os direitos humanos? Ah? De certeza que há alguma cláusula que impeça os Estados de maltratarem as pessoas desta forma. Os activistas dos direitos humanos que andam preocupados com Guantánamo deviam pôr os olhos na angústia dos homens e mulheres que diariamente lutam contra tudo e todos – a porta do Empire State Building, ou de qualquer edifício de escritórios, à porta dos restaurantes e nas traseiras das lojas –, e que sentem na pele o desprezo dos seus concidadãos, apenas para desfrutarem de um pequeno prazer.

Sete horas de NY

Sete horas para subir do Soho à 50th street, horas em que me esqueci de almoçar, ‘perdida’ nas ruas e avenidas, subindo numa para voltar, contornando o quarteirão, a descer na seguinte, andando em círculos. Perdida a olhar pessoas, prédios, árvores, igrejas, montras de lojas, sapatos, malas, roupa, jardins, carros. Sentada na estação de Prince Street a ver passar as carruagens do metro. Perdida em livrarias, em títulos novinhos, em livros antigos. Deixando as horas passar nas escadas da NY Public Library. Descansado a olhar para o ‘céu’ da Grand Central Station, envolvida no vaivém de pessoas que chega e que parte. Empoleirada no varandim da praça do Rockefeller Center onde se desafia a gravidade em cima de patins em linha. Parada junto a um bando de gente que espera que do outro lado da rua o estático boneco vermelho passe a branco, ganhando movimento. Fascinada perante a visão do Times Square. Nada disto é novo. São ruas já calcorreadas em outras viagens. Por ver ficaram, como sempre, os museus, mas em NY sou incapaz de trocar o frenesim das ruas pelo silêncio da arte. Para a próxima...

À espera

Quatro dias que pareceram um mês pela espera. À espera do avião, de chegar, das malas, dos colegas, das conferências, de fazer o check in, de ordem para levantar voo, de fazer o check out, do táxi para o hotel, das conferências, que tocasse o sino. À espera...

De Washington só vi o que o Mr. Martinez ‘on the rock’, como o próprio se apresentou, nos foi mostrando da janela do carro. Da Casa Branca vislumbrei, de longe os jardins. O imponente Capitólio vê-se de quase toda a cidade, ‘rasteira’ por imposição governamental, que impede que qualquer construção seja mais alta que o edifício do Congresso ou que o Washington Monument, onde passei, mais uma vez de carro, ao largo. A única coisa que de facto visitei foi a Georgetown Law School (mas isso dará uma prosa, se tiver tempo e paciência) e o Ronald Reagan National Aeroport, onde passei três horas intermináveis. Da 'capital do império' fica a impressão de uma cidade organizada, burocrática, académica e com um ritmo muito próprio, longe do stress de Nova Iorque.

sábado, outubro 29, 2005

Telegramas dos States

'Tugas'
GAP da 5th Avenue. Estou entretida a escolher um gorro para o meu sobrinho, quando de repente começo a ouvir alguém a falar, ou melhor, a gritar em português. O pai dizia para o filho que fosse arrumar qualquer coisa, e a criança respondia em tom de birra que a mãe o fazia. O pai insiste falando ainda mais alto. Volto a cabeça para ver de onde vem o som. Fico de queixo caído quando dou de caras com o presidente de uma das ‘minhas’ empresas xpto, enquanto ele se encolhe, ao reconhecer-me, até ficar do tamanho de um ervilha. Tugas!

Friends
À porta do Mr. Chow – ao que consta o mais trendy restaurante de Manhattan this season – eu e o F. fumávamos um cigarro, quando saem dois homens que pedem lume, começando a falar entre si em castelhano. O F. mete conversa, diz que somos portugueses, e aproveita para perguntar onde se vai na noite nova-iorquina. A conversa vai animada quando chega um terceiro. Eu e o F. afastamo-nos, enquanto eles trocam cumprimentos, convencidos que a conversa tinha acabado. Terminadas as saudações entre eles, o que tinha acabado de chegar estende a mão ao F., enquanto o búlgaro lhe vai dizendo “they are not ours friends, we just meet them”, mas não suficientemente depressa para evitar que ele se chegasse ao pé de mim estendendo-me a cara enquanto eu lhe estendia a mão. Fiquei, portanto, a conhecer o Steven que cumprimentei com dois beijinhos. Mais tarde foi a vez da italiana Isabella, que repetiu a cena do amigo. Ainda dizem que NY é uma cidade impessoal, de gente anónima.

Politicamente incorrecto
Entre a mesa e o buffet do pequeno-almoço, em Washington D.C..
Empregada afro-americana: Tea or coffee?
Eu: Coffee, please. (pausa) Black!
(Tivesse eu vestida uma túnica branca e um pontiagudo chapéu da mesma cor e o olhar que ela me deitou não teria sido tão assassino.)

A room with a view III

The Waldord Astoria, entalado entre a Park e a Lexington, a 739 dólares o quarto, mas sem direito a abrir a janela, virada para um varandim desengonçado. Se encostar a cabeça ao vidro, vejo a esquina da Park com a 50th. Não há luzes brilhantes, nem neons, apenas dois arranha-céus de escritores com algumas janelas iluminadas.

sexta-feira, outubro 28, 2005

A room with a view II

7th Avenue, New York

O blogger tem é inveja

por eu estar em Nova Iorque e por isso não me deixa por fotografias. Fica aqui o meu voto de protesto.

quinta-feira, outubro 27, 2005

A room with a view

Hilton Embassy row, Washington D.C.

Diário de Viagem I

distance to destination 3863
time to destination 4:47
time at destination 10:57
ground speed 890
altitude 11000
outside air temperature -51º C


Olhando para o mapa estou algures entre a Irlanda e a costa Norte do EUA. E aqui para nós: Chega! São qualquer coisa como seis da tarde em Lisboa e eu estou a voar desde as 7 da matina com uma pequena interrupção de duas horas no aeroporto de Frankfurt. Sim, é verdade, ninguém vai para a Europa central para depois andar novamente tudo para trás, sobrevoando o Atlântico quatro horas e meia depois de ter saído de Lisboa.

Andar de avião é para mim como um dia de chuva. Horas e horas fechada sem [cigarros] saber muito bem o que fazer… pega num livro, muda de canal, escolhe outro CD, vai à estante buscar um DVD, passa pelo frigorífico para trazer um gelado [e já agora um maço de cigarros], enquanto se passa na despensa para ir buscar umas gomas. Com a vantagem que mesmo nos dias de chuva podemos sempre fugir a qualquer altura para onde nos apetecer. Ou acender um cigarro e ficar a ver o fumo a esbater-se no ar.

Aqui não há fuga possível. Morro de tédio. Desde que estou sentada nesta cadeira já gastei umas quantas páginas d’”Os Outros” do Martin Amis, almocei [cigarros] enquanto via o Mr. & Mrs. Smith – que é mau, muito mau, mas que compensa por ter dois dos actores com uma sensualidade tão evidente, que transmitem uma energia sexual quase palpável [cigarros] – já preenchi os papéis para me deixarem entrar nos States, tendo o cuidado de responder correctamente às perguntas sobre doenças transmissível (ontem estivesse no largo do Carmo a dar milho aos pombos, será relevante?), se já fui traficante de droga [ganzas, as ganzas levam tabaco] ou se estou ligada a qualquer tipo de práticas terroristas ou, quiçá, relacionada com as actividades Nazis entre 1933 e 1945.

Depois dos pontos altos da viagem, confesso que estou sem saber o que fazer. O Martin continua aqui ao meu lado, mas agora que tenho todo o tempo do mundo (e mais algum) para ler, simplesmente não me apetece. Seria preocupante se não fosse assim com tudo na vida, o desejo de ter o que não posso e o desconsolo, quando o objecto do desejo é alcançado, de perceber que “é-só-isto”. Dormir também era bom, sempre se queimavam [cigarros] umas milhas sem dar por elas…

Distance to destination 3422
Time to destination 4:14
Time at destination 11:30
Ground speed 870
Altitude 11000
Outside air temperature -48º C

quarta-feira, outubro 26, 2005

A caminho de NY

Não me apetece ponto!

Está uma mulher sossegadita, toda contente por ter finalmente despachado um dos cinco textos que devia ter entregue na segunda-feira, quando de repente toca o telemóvel. O nome do chefe a piscar no visor e eu a pensar “que foi que eu fiz agora?”, a que se segue uma rápida busca pelo disco rígido, ocupados que estavam o Tico e o Teco a cogitar sobre o que iam escrever a seguir, para chegar à conclusão que provavelmente era só mais uma qualquer história sobre o plano tecnológico e afins. No news!, portanto.

A conversa começou mal, com o chefe a dizer que tinha havido uma falha de comunicação. Parece que afinal sempre fiz alguma coisa, é desta que ele me despede e eu posso ir gozar os meus dias a plantar tomates ou outra coisa qualquer para o Alentejo, de preferência bem juntinho à praia, que esta vida anda a dar cabo de mim. Respiro fundo quando percebo que afinal a falha tinha sido da empresa xpto, que o convidou para ir a Washington tratar de um assunto que afinal é da minha competência. E, quando eu achava que ia ter mais uma semana enfadonha, lá vem a ordem para preparar a mala e embarcar para os States. Não está mal, não senhora, penso nos dois segundos que demoro a perceber que a viagem é amanhã (ou seja hoje), que tenho o Esparguete a passar férias cá em casa, que não sei se tenho roupa para ir de viagem de um momento para o outro, que... que... que... basicamente o que em outra altura qualquer teria sido recebido com saltos de alegria, transformou-se num momento de puro pânico e stress absoluto. Para complicar as coisas a avô do Esparguete não me atende o telefone e eu sem saber o que fazer com o meu mais que tudo.

O pânico rapidamente se transformou em irritação que descambou para uma verdadeira birra. Pela primeira vez na vida não me apetece fazer uma viagem. Estou cansada, tenho sono, preciso urgentemente de compensar mais um fim-de-semana mal dormido, e a última coisa que me apetece é passar quatro dias com pessoas com quem não tenho a mínima afinidade. Não me apetece ponto! Ainda por cima, não se manda uma mulher de viagem – principalmente numa que inclui uma paragem em Nova Iorque (!!!!) – no final do mês, quando a conta bancária está tão magra que já é preciso fazer uns quantos buracos no cinto para que não caia.

Quatro horas depois lá consegui arranjar ama para o Esparguete, a mala está feita, os livros, obrigatórios quando se perspectivam longas horas de avião, arrumados e eu para aqui sem sono, a ver as horas passar e a pensar que às seis manhã (hora completamente criminosa e imoral) tenho que estar no aeroporto... pelo sim, pelo não, já pus o despertador e liguei para o serviço de despertar.

Se me apetece? Agora que as coisas estão todas no devido lugar já consigo esboçar o sorriso. Amanhã quando chegar perto da Casa Branca e poder chamar uns quantos nomes ao Bush de certeza que o sorriso se terá transformado numa gargalhada. E na sexta, enquanto me passear pela Madison Av ou pela 5th, vou estar na fase das coisas que me fazem sorrir. Ai vou, vou!

terça-feira, outubro 25, 2005

E quando vamos juntas à cidade deste blog?

Uma limpeza

A culpa é minha.

Deixo acumular tudo meses a fio. Tornei-me uma desorganizada pessoal. A minha vida é uma espécie de quarto que começa por ter a cama desfeita e, à medida que o tempo passa, já tem os sapatos desarrumados... a roupa espalhada no chão, o tapete repisado, duas ou três malas esventradas...

Quando chegamos a este ponto deixamos correr. Prometemos que um dia, no futuro (num muito distante) havemos de pegar naquilo tudo, dar a volta ao quarto, arrumá-lo. Até lá competimos com o Evereste e também gelamos... sempre que a porta não abre, impedida pelo lixo atrás dela.

Hoje foi um dia diferente.

Hoje comecei a limpar o quarto. Não foi assim tão difícil. Pensava eu que ia ter problemas a escolher o pano do pó, a verter o detergente, a calçar as luvas de borracha... enganei-me. É, de facto, uma questão de pôr mãos à obra, começar. Retirado o primeiro grão, tudo parece vir agarrado (como se usassemos aqueles 'agarra pó' dos anúncios publicitários, que trazem tudo colado à esfregona e até ficamos envergonhados com o lixo que acumulámos debaixo do sofá).

Não está tudo resolvido. Mas é um princípio. Também já corei, ao perceber como teria sido mais fácil se tivesse pensado nisto mais cedo (em 2004, nalguns casos). Mas perdi a vergonha para ganhar forças e continuar a organizar-me. Na vida. Como na alma.

É que se não tiramos logo o pano, para enfiá-lo, a correr, no lixo... corremos o risco de voltar a espalhar o pó. E depois não há quem o volte a agarrar.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Não quero saber...

...dos teus compromissos profissionais. Este 'marcha' esta semana!